Nessa época eu já estava tomado
por um ódio, por uma raiva da vida, da minha vida, de forma que descontava toda
essa ira nos meus pais. Da labuta para a rua e só aparecia em casa para dormir.
Tinha meus próprios pais por inimigos, e os tratava de forma que ninguém diria
se tratar de pais e filho.
Recordo daquela noite de forma
dolorosa no meu coração, em que cheguei em casa eram mais que 23 horas e o
fogão de lenha ainda estava acesso, coloquei um tanto d’água em um recipiente
afim de ferver para fazer um chá e curar a ressaca de mais um dia com os amigos
a beber e fumar.
Minha mãe cansada de tantas
novidades, tanta calunia sobre nossa família por minha causa que me perguntou:
_ O que estás a fazer?
_ Não é de sua conta. Respondi.
_Você está em minha casa, tenho
o direito de saber, faça-me o favor. O que você está fazendo aí?
Mais uma vez já irritado e
tomado de um ódio respondi:
_Não é da sua conta, mas se
quer saber, toma.
Com a maior frieza e de cálido coração,
tomei o vasilhame que jaz morno e o virei todo sobre a cabeça dela como se não
fosse minha própria mãe, como se fosse o último de meus inimigos.
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