segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cálido Coração, ódio de mim mesmo!


Nessa época eu já estava tomado por um ódio, por uma raiva da vida, da minha vida, de forma que descontava toda essa ira nos meus pais. Da labuta para a rua e só aparecia em casa para dormir. Tinha meus próprios pais por inimigos, e os tratava de forma que ninguém diria se tratar de pais e filho.

Recordo daquela noite de forma dolorosa no meu coração, em que cheguei em casa eram mais que 23 horas e o fogão de lenha ainda estava acesso, coloquei um tanto d’água em um recipiente afim de ferver para fazer um chá e curar a ressaca de mais um dia com os amigos a beber e fumar.

Minha mãe cansada de tantas novidades, tanta calunia sobre nossa família por minha causa que me perguntou:

_ O que estás a fazer?

_ Não é de sua conta. Respondi.

_Você está em minha casa, tenho o direito de saber, faça-me o favor. O que você está fazendo aí?

Mais uma vez já irritado e tomado de um ódio respondi:

_Não é da sua conta, mas se quer saber, toma.

Com a maior frieza e de cálido coração, tomei o vasilhame que jaz morno e o virei todo sobre a cabeça dela como se não fosse minha própria mãe, como se fosse o último de meus inimigos.

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